"Sentes que um tempo acabou
Primavera de flor adormecida,
Qualquer coisa que não volta que voou,
Que foi um rio, um ar, na tua vida.
E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.
Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'rá vida.
Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos deriva devagar.
E no lento cerrar dos olhos teus
Fica a esperança de um dia aqui voltar.
E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.
Capa negra da saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'rá vida"
Como estudante de Coimbra, não podia deixar de comentar o que esta balada me faz sentir e pensar.
Sempre que toca, sinto que diz tudo o que um estudante de Coimbra passa, não só na sua despedida, mas também na sua chegada e o seu processo. Visto de fora sensibiliza qualquer pessoa, mas só o próprio estudante de Coimbra o sente de verdade. Quando a balada toca vem as memórias, os amigos, os segredos, as histórias, a passagem de jovem para adulto. Não só isto, mas como a preocupação do jovem com o seu futuro, as responsabilidades que irão enfrentar, como as histórias do Peter Pan, ninguém quer crescer pois há um grande medo para o passo da vida adulta. Os estudantes acham que já sabem o que o mundo lhes tem para dar, mas na verdade nem imaginam o que lhes espera quando todas as responsabilidades e a independência lhes caírem em cima.
Também tem haver com a família que se constituí ao longo dos anos, a união que se cria, as vertentes políticas em que se integra para defender os seus direitos de estudante perante o governo, a verdadeira LUTA.
Posso dizer que no mínimo ainda me resta dois anos em Coimbra, em tão pouco tempo já lhe diz tanto, é um sentimento que não se consegue explicar, só quem vive esta cidade como estudante o sabe, e tal como diz a bela da balada, todos os momentos e segredos levo comigo p'rá vida, confesso que sempre que me surge a imagem da minha despedida as lágrimas correm me pelo rosto. Conheço antigos estudantes de Coimbra, que hoje em dia se recusam a voltar à cidade por uma questão emocional, pois as saudades são capazes de matar de coração. São por volta de 5 anos mais marcantes na vida de uma pessoa, e saber isso ainda me comove mais, e faz me ter ainda mais orgulho em estudar na Universidade de Coimbra. Das imagens que nunca esquecerei foi a quantidade de estudantes a traçarem a capa na noite da serenata, um dia antes da famosa festa da Queima das Fitas, nunca me irei esquecer da emoção de quando vesti pela primeira vez o traje académico, que na verdade como estudante de Coimbra devo dizer que traje académico é um insulto para nós estudantes de Coimbra, o termo correcto é "capa e batina". As regras do uso da capa e batina são coisas que respeito imenso quando uso, por exemplo, passar o Arco Almedina de capa traçada ou passar pela Porta Férrea e traça-la, são pequenos pormenores em que um verdadeiro estudante de Coimbra deve tomar em conta.
Entre muitas coisas que Coimbra nos faz sentir, aqui deixo uma pequena amostra, pois na realidade é impossível explicar, é único para cada estudante.
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